Não é novidade que o design nasceu para resolver problemas! Durante algumas décadas, ele passou por melhorias e, até hoje, consegue resolver os problemas que ele cria em si mesmo. Já deu pra ver que eu amo essa profissão!

Mas quero propor uma linha de raciocínio na qual conseguimos enxergá-lo em várias áreas de nossa vida. Bruno Monari em seu livro "Das coisas nascem coisas" nos revela muito sobre o design do dia a dia e como utilizar a sua metodologia de resolução de problemas. Se você não leu ou não conhecia esse livro, por favor, pare tudo, pesquise agora e leia. Garanto que você não se arrependerá! Uma das ajudas que você terá ao ler é compreender que a forma de pensar um problema para resolvê-lo é bem diferente do que imaginávamos.

Eu também passei por esse processo de mudar a maneira de enxergar as soluções, porque, muitas vezes em minha caminhada como designer, não sentia que estava resolvendo problema algum. Consequentemente, não percebia à minha volta pequenas mudanças causadas pelo meu trabalho, trabalho esse que também pode ser feito longe do computador. Quando ficamos imersos na realidade digital e em seus desafios, mal percebemos o tempo passar, as pessoas que amamos envelhecem, nossos filhos/ sobrinhos crescem. Nós só percebemos, mas não presenciamos.

Você pode estar se perguntando: o que a metodologia de resolução de problemas do design tem a ver com as questões pessoais? Muita coisa, porque não saber resolver problemas diários, daqueles que fazem da nossa agenda de segunda a sexta, pode nos levar a deixar de olhar para o que realmente importa na vida. No meu caso, já perdi muitos acontecimentos da minha família por estar focado demais no trabalho, por não presenciar e valorizar o que me permitia ser criativo.

A criatividade e a percepção para resolver problemas vem do dia a dia. Você já se pegou tentando encontrar uma solução para um determinado problema no próprio problema? É aí que o bloqueio criativo vem, pois se a solução estivesse ali, não seria um problema, correto? Se é a minha função encontrar uma solução, eu preciso estar cercado de informações e com a mente liberada, essa é uma boa hora para tomar um café e ver os carros na rua.

Depois de um tempo, comecei a aprender que diante de um problema, a última coisa que pensamos é na solução. Então, aprendemos a criar novas formas de olhar para os desafios. O que me ajuda muito nessas situações é dormir bem, comer direito, respirar em um ritmo fluido, principalmente quando me sinto ansioso, dar uma caminhada, andar descalço, ver uma boa série, ler uma boa história, desenhar, praticar algum instrumento, passar tempo com algum amigo, ver o pôr do sol… Poderia fazer uma lista de coisas enormes que não coloco na minha rotina, simplesmente digo sim quando elas surgem.

Por meio dessas situações, que na maioria das vezes não estão programadas na nossa agenda, conseguimos visualizar o design que ninguém vê. Por isso, quero encorajar você: vá além dos resultados e promova transformação. Se você quer garantir que sua peça, texto, protótipo, imagem… esteja comunicando o que o usuário precisa entender, mas não sabe por onde começar, pare de olhar por alguns instantes para o problema e observe o cotidiano que está passando despercebido. A resposta pode estar nele.

Assim, convido você a enxergar pelas lentes do design.